27.12.20

Mulher-Maravilha 1984


Mulher-Maravilha (2017) foi um dos filmes mais importantes da década que se encerra. Nesse tempo, em que tanto se discutiu os papéis de diversas minorias na sociedade, o filme deu protagonismo a uma mulher forte, independente e graciosa, apresentando a maior heroína de toda uma geração de meninas e (por que não?) meninos, que, um dia, vão falar dele como as gerações anteriores falam do Superman de 1978. Fez menos dinheiro do que Batman vs Superman (2016) e Aquaman (2018), mas, para muita gente, é o "campeão moral" dentre os filmes mais recentes da DC.

Garantidos os retornos de Patty Jenkins à direção e de Gal Gadot ao papel que a tornou uma estrela, era muito natural que as expectativas para uma continuação estivessem altas. Depois do ótimo primeiro trailer, então, ao som de "Blue Monday", do New Order, era cada vez maior a crença de que tínhamos uma bonita e divertida aventura a caminho. 

Aí, veio a pandemia, os cinemas fecharam e a estreia de Mulher-Maravilha 1984 foi sucessivamente adiada, até finalmente baterem o martelo pela estreia simultânea nos cinemas americanos e no HBO Max no dia de Natal - no Brasil, a estreia nos poucos cinemas abertos seria no dia 17 de dezembro.

Para nossa alegria, o grande dia chegou e MM84 finalmente estreou... mas, infelizmente, não correspondeu à ansiedade gerada.

O novo filme resolve alguns problemas encontrados no primeiro: os vilões são melhores, o CGI é melhor (mesmo ainda capengando em alguns momentos) e existe um tom otimista e solar de que, francamente, precisávamos muito este ano. O roteiro, porém, é digno de uma Sessão da Tarde oitentista - e não de um jeito legal.

Como em 2017, o filme começa com um belo flashback de Themyscira, a Ilha Paraíso, durante a infância de Diana. As belas locações nas Ilhas Canárias e as proezas das amazonas são de encher os olhos, e a pequena princesa recebe uma dolorosa lição sobre a verdade.

Corta para 1984. Os amigos de Diana no primeiro filme, passado em 1918, naturalmente, estão todos mortos, inclusive Steve Trevor (Chris Pine), seu primeiro amor. Trabalhando sob a identidade civil de Diana Prince, arquéologa do Museu Smithsonian, em Washington, a Mulher-Maravilha só age publicamente sem que haja câmeras por perto e suas aparições são tratadas como "avistamentos". Num shopping center, ela evita o roubo de uma série de artefatos, entre os quais está uma "pedra dos desejos", inicialmente desprezada pelo seu baixo valor material, mas que se prova efetiva.

A chegada da pedra ao Smithsonian atrai a atenção de Maxwell Lord (Pedro Pascal), empresário vigarista com pose de guru de autoajuda. Ele conta com a ingenuidade da desajeitada Dra. Barbara Minerva (Kristen Wiig), gemóloga e zoóloga do museu, para se apossar do artefato. Os desejos realizados pela pedra, porém, sempre têm um alto custo, e suas implicações, antes pessoais, começam a ganhar alcance global.


Como dito antes, os vilões são boas coisas de MM84. Kristen Wiig encontra um tom inseguro e ressentido, perfeito para a Dra. Minerva, e leva tempo até que possamos vê-la como Mulher-Leopardo. Na internet, há quem compare o CGI da personagem transformada ao fiasco que se vê em Cats (2019). Justiça seja feita, o trabalho é até inferior tecnicamente, mas consegue transmitir a força e ferocidade que a tornam uma ameaça enorme (infelizmente, pouco aproveitada). Já Pedro Pascal está perfeito como o pilantra Maxwell Lord, apesar das liberdades tomadas com o personagem, em relação à sua contraparte dos quadrinhos. Suas expressões faciais e seu "papo de vendedor" são boas razões para o momento de grande prestígio vivido pelo ator (que também é o protagonista da série The Mandalorian).

Mesmo Gal Gadot parece ter estudado um pouco mais de sua arte. Continua uma atriz limitada, mas não passa vexame nos momentos mais dramáticos e mostra-se muito apta para cenas de ação. A boa química com Chris Pine se repete aqui, e a presença de Steve Trevor no presente, um dos mistérios levantados pelo trailer, faz sentido dentro da trama.

Infelizmente, todo o bom trabalho dos atores não é suficiente para disfarçar o fiapo que é o roteiro, e a direção de Jenkins, paradoxalmente, "pesa a mão na leveza", com ocorrências caóticas se empilhando, mas sem conseguir que a gente se envolva pra valer com o que está acontecendo. O final é meloso em nível ultrajante, de levar um diabético ao coma, mas a má impressão é suavizada pela simpática e reverente cena pós-créditos, com uma aparição muito esperada pelos fãs.

Artefatos mágicos, cientista boazinha que fica ruinzona, vilão que quer dominar o mundo e gargalha insanamente, heroína que sacrifica a própria felicidade pelo bem do mundo... Como se vê, elementos clássicos de uma Sessão da Tarde, o que coloca o filme em pé de igualdade com obras menores da Marvel, como Homem-Formiga (2015) ou Doutor Estranho (2017), filmes aos quais você assiste enumerando os problemas e esquece cinco minutos depois que sai do cinema ou desliga a TV. Normalmente, estaria tudo bem com isso, mas o padrão estabelecido com o primeiro filme nos fez esperar por muito mais do que MM84 tem a oferecer. Uma pena.

24.12.20

Bowie: Stardust, Rayguns & Moonage Daydream


É com certo pesar que admito que demorei a deixar David Bowie entrar em minha vida. Lá pela segunda metade dos anos 80, quando comecei a me interessar por rock and roll, ele estava vivendo o que muitos acham que foi a pior fase de sua carreira. "Underground", a música que gravou para o filme Labirinto (Jim Henson, 1986) tinha um clipe legal e só. Eu estava muito ligado no indie rock de The Smiths e The Cure, e "Day In, Day Out" ou "Never Let Me Down", singles de seu álbum de 1987, pareciam distantes demais da Londres soturna que então me encantava - e o pessoal da Bizz (extinta revista musical brasileira que, para o bem e para o mal, ajudou a formatar meu gosto musical) odiava o Never Let Me Down, então, por tabela, eu também odiava.

Em 1989, houve a famigerada "O Astronauta de Mármore", versão do Nenhum de Nós para a "Starman" de Bowie - mas, naqueles tempos sem internet, quando eu morava numa cidade do tamanho de um ovo, era nunca que eu ia ter chance de conhecer a original. Em 1990, sua turnê Changes veio ao Brasil, mas, pelos relatos de indiferença do público, eu não era o único ignorante sobre ele nestas terras. Anos depois, com o mercado mais aberto e a MTV Brasil funcionando a mil, pude conhecer a literal cover do Nirvana para sua "The Man Who Sold the World". Agora, sim, que musicão da porra! Acho que preciso conhecer mais desse David Bowie, hein!?

Com a chegada da internet banda larga (com seus "impressionantes" 128 kbps, quando baixar uma única música podia levar horas), os clássicos de Bowie foram, aos poucos, pingando em meus ouvidos. "Heroes", "Space Oddity", "Rebel Rebel", "Life on Mars", "Diamond Dogs"... e, sim, a bendita "Starman" original. Bowie virou alguém familiar, que teve seu talento, valor e influência reconhecidos por mim bem antes de sua morte, em 2016. Sorte minha.

Naquele 10 de janeiro de 2016, eu vi repetir-se uma comoção que só tinha visto quando da morte de John Lennon, em 1980, e de Michael Jackson, em 2009. O mundo se uniu em homenagem para deixar bem claro: perdeu-se um artista inigualável. Era uma hora sombria.

Bowie: Stardust, Rayguns & Moonage Daydreams foi lançado em janeiro de 2020 lá fora, pela Insight Comics, e apenas um mês depois no Brasil, pela Panini Comics. 164 páginas em formato grande e capa dura, a proibitivos R$ 90. Foram 10 meses de espera até uma promoção decente, mas meu exemplar custou meros R$ 27. Boas coisas chegam para aqueles que esperam, dizem (e é verdade).

Foi co-escrito por Steve Horton (procurei suas credenciais e parece que a internet não tem muito a dizer sobre ele) e pelo também desenhista Michael Allred, artista que fez fama com Madman, X-Force/X-Statix, iZombie e, mais recentemente, Surfista Prateado. Dono de um traço nostálgico e cheio de personalidade, Allred, como grande fã de Bowie, delegou-se a missão de retratar a carreira do astro, do começo modesto em 1967 até o fim de sua fase Ziggy Stardust, em 1973, quando parecia não haver como escapar ao fascínio que a revolução artística de Bowie provocava - uma influência que se expandiu para muito além da música.

Obviamente, existem limitações quando se quer contar a vida de alguém que teve cinco décadas de carreira, durante as quais jamais deixou deixou de chamar atenção. Embora seis anos pareçam um recorte pequeno demais em uma história tão rica, foi este o período mais revolucionário da vida e da obra de Bowie, entre o auge da psicodelia e o nascimento do glam rock

As capas icônicas, as canções inesquecíveis, as histórias por trás delas, os bastidores, acertos e mancadas, parceiros e concorrentes geniais... Está tudo aqui, em páginas visualmente soberbas (Allred capricha nas reproduções de fotos célebres e capas de discos) e cuja leitura não é exatamente rápida, mas é totalmente imersiva. É muita coisa acontecendo em pouco tempo, pois assim era a vida do homenageado.

Os anos seguintes são retratados, mas com pouco detalhamento histórico e em bem menos páginas, numa espécie de retrospectiva em fast-forward. Nada que diminua o prazer da leitura ou a importância do lançamento. O livro ainda conta com prefácio de Neil Gaiman (Sandman, Deuses Americanos) e colorização da esposa e constante parceira artística de Michael, sua esposa, Laura Allred.

Bowie: Stardust, Rayguns & Moonage Daydream tem irresistível apelo para quem já conhece (pouco ou muito) a história e a obra de David Bowie. Para o neófito, fica o nosso desejo de que o álbum provoque curiosidade sobre um artista que não deixou substitutos. A ausência de Bowie é um vazio que não se consegue preencher. É essencial ter noção do que se perdeu.

* * * * *

BOWIE: STARDUST, RAYGUNS & MOONAGE DAYDREAM
Michael Allred & Steve Horton (roteiro), Michael Allred (arte)
Insight/Panini - 164 páginas - R$ 90 (preço sugerido)

16.12.20

Tenet


Como na política brasileira, parece não haver meio termo possível quando se trata do cinema de Christopher Nolan. Chamá-lo, a cada lançamento, de gênio incontestável ou de charlatão pretensioso, também, como na política brasileira, impede a devida apreciação de sua obra: um cinema grandioso, que põe conceitos já complicados em uma embalagem mais complicada ainda e, simultânea e paradoxalmente, tenta tornar tudo isso digerível para o público.

Não se pode negar, porém, que por mais cerebrais que seus filmes sejam (ou tentem parecer), eles preservam o senso de espetáculo que nos leva ao cinema - ainda mais considerando que ele é, hoje em dia, um dos poucos grandes cineastas que abrem mão de grandes intervenções visuais digitais. Fã dos efeitos visuais práticos e de grandes cenários reais, Nolan captura como ninguém imagens grandiosas e impactantes. Seu cinema tem identidade e assinatura, tira o espectador da zona de conforto, e isso é mais do que se pode dizer de muita gente em atividade hoje em dia, quando apostar no seguro é a regra.

Tenet foi o primeiro grande filme a tentar furar o bloqueio provocado pela pandemia de coronavírus e pagou caro pela ousadia: com bilheteria total abaixo de 400 milhões de dólares, não cobriu o orçamento de 200 milhões, somado aos gastos de marketing, absurdamente aumentados a cada adiamento da estreia (nos EUA, em 6 de setembro). Até sua chegada ao streaming e blu-ray, Tenet tinha gerado prejuízo de cerca de 100 milhões de dólares à Warner.

John David Washington e Christopher Nolan: se juntos já causam...

Foi o suficiente para o estúdio, escaldado, tomar uma decisão controversa: lançar todos os seus grandes filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas e no HBO Max, o que irritou profundamente a cineastas como James Gunn (O Esquadrão Suicida), Denis Villeneuve (Duna) e o próprio Christopher Nolan, o maior crítico da medida.

Tenet é um intrincado thriller de ação e ficção científica. Nele, um agente sem nome declarado, chamado apenas de O Protagonista (John David Washington) é salvo da morte e designado para desbaratar uma trama que parece envolver um perigo nuclear, visando à destruição do mundo como o conhecemos. Para isso, ele precisa aprender como coisas e pessoas se comportam quando submetidas à entropia reversa.

O conceito é real, mas ainda embrionário, sendo aplicável apenas em escala atômica e por tempo infinitesimal. No filme, a coisa já afeta objetos inteiros e pessoas por horas, dias, semanas. Ou seja, é científica, mas é ficção. Relaxe e lembre-se que está assistindo a um filme, não um tratado de física quântica.

Tecnicamente, o filme é assombroso, com objetos e pessoas em reversão entrópica interagindo com outras em estado normal, gerando cenas de luta estranhas e surpreendentes, além de trazer novas e interessantes perspectivas de elementos batidos do gênero, como duplicatas e aquela famosa recomendação de não interagir com elas. A cena do assalto na rodovia (na qual era imprescindível que o carro-forte assaltado não freasse ou parasse) dá ideia da dimensão da complexidade técnica alcançada aqui.

Trio Ternurinha: Patel, Pattinson e Washington

Para um filme tão longo (2h30), Tenet tem um ritmo bastante fluido. Dá para reclamar que tem mais surpresas do que somos capazes de processar de uma única vez, e que tantos planos dentro de planos não teriam como dar certo - felizmente, alguns dão errado, pra gente manter o pé no chão. O Protagonista coleciona umas vitórias de sorte inacreditável, mas, no processo, se arrebenta todo. Tudo bem, gostamos disso. Alguns diálogos, porém, parecem desnecessariamente empolados (resta saber se para os personagens parecerem mais inteligentes ou para a gente parecer mais burro).

Além da performance vigorosa de John David Washington (alô, Marvel, precisando de um novo Pantera Negra aí?), temos um bem-humorado Robert Pattinson como seu dúbio auxiliar, Neil, e um Kenneth Brannagh exagerado como vilão e marido cruel com a esposa (Elizabeth Debicki). Himesh Patel (Yesterday), Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass) e Michael Caine (A Origem) são alguns outros nomes do elenco.

Não fosse o impeditivo da pandemia, Tenet provavelmente teria feito boa carreira no cinema, com muita gente repetindo (ou "trepetindo") a sessão. Seja para entender melhor as nuances da trama, para rever as muitas sequências visualmente acachapantes, ou para "entrar" no filme já prestando atenção em coisas que são mostradas ou explicadas depois, valeria o tempo e o dinheiro investidos. Somente o tempo dirá se Christopher Nolan é um gênio ou um charlatão. Por enquanto, é apenas impossível não prestar atenção em tudo que ele faz.

12.12.20

Jukebox Encantada #2

 

SADE
LOVERS ROCK
(2000)

A pecha de "motel music" atribuída ao som de Sade não é de todo descabida: são grooves suaves e lânguidos, perfeitos para embalar os apaixonados, seja antes, durante ou depois do coito. Amor romântico é o tema de praticamente toda sua obra - e, que fique claro, isso não é nenhum demérito, visto que Sade e sua ótima banda homônima "vestem" as histórias em doçura e elegância com as quais certos artistas podem apenas sonhar.

Desde que ela (nascida na Nigéria, em 1959, e criada na Inglaterra) surgiu para o mundo da música, num já remoto 1984, cravou seu nome nas paradas de sucessos, nas mentes e nos corações, com standards românticos do calibre de "Smooth Operator", "Your Love Is King", "The Sweetest Taboo", "Stronger Than Pride" e "No Ordinary Love".

Depois de quatro álbuns de grande sucesso, porém, a vida pessoal de Sade Adu estava aos pedaços. Seu primeiro casamento chegou ao fim em 1995. Ela se mudou para o Caribe e teve alguns romances malsucedidos, atraindo a atenção da imprensa da pior maneira, com rumores sobre depressão e vício. Ela tinha estado ativa desde a primeira metade da década de 80 e era uma estrela absoluta na entrada dos 90, mas, depois de Love Deluxe (1992), avessa a entrevistas, fechou-se e entrou num hiato criativo que durou oito longos anos.

Lovers Rock foi lançado em 13 de novembro de 2000. Um mês antes, o primeiro single do disco, "By Your Side" (uma pungente declaração de amor/amizade incondicional, como ainda não havia surgido no século que começava*) já dava pistas de novidades: o som não era o jazz pop que a havia consagrado. Era um soft rock com pendores de reggae (e, sim, há quem chame isso de "lovers rock" como um estilo).

* Tecnicamente, o século XXI só começou em 01/01/2001, claro, mas existe toda uma mística em torno do ano 2000 que permite a licença poética.

Não foi a única diferença percebida: Lovers Rock não tinha saxofone (quase uma marca registrada do som de sua banda) e apontava para uma variedade musical e temática inéditas para Sade. Tendo passado por tudo que passou, a cantora mostrava-se amadurecida em suas reflexões amorosas. "King of Sorrow", segundo single do álbum, fala da simultânea dificuldade em aceitar e abrir mão de um amor desgastante: "É só o dia chegar que tudo volta à tona / Só mais um dia / E nada mais está bom". Outro destaque romântico do disco, "Somebody Already Broke My Heart" fala da dificuldade de permitir-se apaixonar novamente: "Alguém já partiu meu coração / Se alguém tem que perder, eu não quero jogar".


Baladas acústicas, soul music e dub reggae convivem harmonicamente ao longo de 11 faixas, em cujas letras despertam, além dos males do coração, preocupações sociais como a situação dos expatriados (em "Immigrant", com os versos "Vindo de onde veio, ele era rejeitado em todas as portas") e a conscientização sobre a História ("Slave Song", que diz "Eu rezo ao Todo-Poderoso que não me deixe fazer a outro o que foi feito a mim / Ensino aos meus amados filhos que foram escravizados a buscar a luz continuamente").

Não deixa de ser curioso que um álbum tão diverso demonstre uma coesão tão evidente. As faixas se intercalam sem susto e a experiência de ouvi-lo inteiro é das mais agradáveis. Para cada "pancada de amor", como "Every Word" ("Eu vi uma foto / Como você pode ter sido tão descuidado? / Como pode ter feito isso conosco?"), existe um momento sublime de resignação esperançosa como "All About Our Love" ("Querido, nós sabemos / Venha o que vier / Podemos passar por isso").

Perto do fim, a faixa-título, com seus tons de reggae (a passagem pelo Caribe rendeu o que importa: música), aponta lindamente para uma confiança reconquistada no amor ("Você é a Rocha dos Amantes /.../ Aquela a que me agarro em uma tempestade"). Após Lovers Rock, Sade entraria em "retiro" ainda mais demorado: seriam dez anos até Soldier of Love. Naquela virada de século, porém, sua música ajudou a fazer do "fim do mundo" que se antevia uma bonita celebração do amor, embalada pelo som do mar e do vento.

* * * * *

SADE - Lovers Rock (2000)
Lançamento: 13 de novembro de 2000
Produção: Sade e Mike Pela

01 - "By Your Side"
02 - "Flow"
03 - "King of Sorrow"
04 - "Somebody Already Broke My Heart"
05 - "All About Our Love"
06 - "Slave Song"
07 - "The Sweetest Gift"
08 - "Every Word"
09 - "Immigrant"
10 - "Lovers Rock"
11 - "It's Only Love That Gets You Through"