31.10.18

Pulando a cerca com Os Escapistas


Lembram quando eu disse, no primeiro post deste site, que tinha mais trabalho coletivo chegando? Pois ele acaba de chegar.

Os Escapistas nasce sob a direção do meu velho chapa Luwig, com promessa de trazer conteúdo diferenciado e sem amarras. Então, já neste primeiro post, nós (eu, ele e Mauro Ellovitch) chegamos com um podcast que mistura quadrinhos, música e vivências pessoais: analisamos LENNON, adaptação em quadrinhos da "biografia fictícia" (escute e entenda) de David Foenkinos, por Eric Corbeyran e Horne, que coloca o lendário ex-Beatle no divã.

Espero que você goste de ouvir tanto quanto gostamos de fazer este podcast - e não perca os próximos! Procure a gente no Spotify e, em breve, no iTunes! Além do programa em si, você pode escutar em nossa playlist as músicas que usamos e comentamos.

Conheça agora OS ESCAPISTAS!

24.10.18

Retrovisor #1

HÁ 10 ANOS...

Batman - O Cavaleiro das Trevas


Apenas dois meses depois que Homem de Ferro deu início ao reinado dos Marvel Studios, o segundo filme da trilogia de Christopher Nolan trouxe um outro tipo de virada de mesa: era o primeiro filme de super-herói que extrapolava as limitações do nicho, impondo-se como um senhor drama policial, com direção e atuações acima da média. Foi a maior bilheteria de 2008, ultrapassando a casa do US$ 1 bilhão, e ganhou espantosas OITO indicações ao Oscar, tendo vencido dois: Melhor Edição de Som e Melhor Ator Coadjuvante, pela legendária personificação do Coringa por Heath Ledger, que havia falecido cerca de seis meses antes da estreia.


HÁ 20 ANOS...

Super-Homem - Paz na Terra


Em 1998, chegava às bancas o primeiro álbum gigante da parceria Paul Dini & Alex Ross pela DC Comics. A Editora Abril, então casa da DC no Brasil, ainda chamava o personagem de Super-Homem. A história de Dini era bonita, colocando o herói numa tentativa de aplacar a fome em áreas críticas mundo afora, mas enfrentando inexplicável e feroz resistência. Porém, o que todo mundo queria de verdade era babar em cima da arte realista de Ross, valorizada pelo tamanho avantajado do gibi (34 cm x 26 cm). Pode ser encontrado, junto aos outros álbuns da série, no encadernado Os Maiores Super-Heróis do Mundo, da Panini.


HÁ 30 ANOS...

Morrissey - Viva Hate



Menos de um ano depois do fim do The Smiths, o vocalista Morrissey lançou sua primeira empreitada solo: Viva Hate trazia a lírica afiada do bardo de Manchester, entremeada com um som mais variado e açucarado que o da sua ex-banda (credite-se ou culpe-se por isso o produtor Stephen Street). Afeito a polêmicas desde sempre, Morrissey descia o pau na Dama de Ferro ("Margaret on the Guillotine") e começava a ser apontado como xenófobo ("Bengali in Platforms"). Em versões mais recentes do CD, a tocante "The Ordinary Boys" foi limada. Porém, não se pode falar deste álbum sem mencionar "Suedehead", seu maior sucesso, com solo introdutório inconfundível e refrão icônico.

21.10.18

O Outro Lado da Bola


Ao escrever este review, falta apenas uma semana para o segundo turno das eleições presidenciais de 2018. O resultado mais provável é a vitória de Jair Bolsonaro, um candidato que tem sido visto, ao longo de anos, dando declarações muito preconceituosas sobre mulheres, homossexuais e negros. Como num desses mistérios universais insondáveis, Bolsonaro tem um expressivo número de mulheres, homossexuais e negros entre seus apoiadores.

Enquanto lá fora a civilização se esforça para reduzir as diferenças, aqui, no Brasil, abraçamos a desigualdade - e pode ser que nem todo eleitor de Bolsonaro seja misógino, racista ou homofóbico, mas é apenas um fato que os misóginos, racistas e homofóbicos estão com ele e, dado o noticiário recente, sentem-se autorizados a explodir sua violência. Parece irônico, então, que o texto de orelha, escrito pelo jornalista André Rizek, fale justamente de ventos de mudança, causados pela FIFA com suas punições a clubes, atletas e torcidas por manifestações homofóbicas.

Haja o que houver nas urnas, O Outro Lado da Bola não perderia sua importância em outro cenário. O preconceito no futebol não é um problema recente. Vai desde chamar de "puta" a mãe do árbitro a agredir jogador que deu selinho em um amigo. "Viado" é o palavrão mais recorrente quando um jogador em particular desagrada à torcida. Porque, afinal convencionou-se que futebol é "esporte de homem". Na cabeça das torcidas radicais, estádio não é lugar de gay.


A graphic novel escrita por Álvaro Campos e Alê Braga, e desenhada por Jean Diaz, porém, levanta a lebre óbvia: tem gay em toda parte, por que não teria no futebol?

Cris é um jogador em ascensão pelo fictício E. C. Alvinegro Paulista (não é preciso fazer muita força nas analogias), casado e pai de uma adolescente. Durante uma entrevista à televisão, após ser informado do assassinato de um antigo namorado, Cris resolve sair do armário em rede nacional.

A repercussão negativa é imediata, e o roteiro de Campos e Braga esmera-se em cobrir todos os aspectos envolvidos, desde os previsíveis ataques à filha adolescente na escola, até as explosões de violência entre os torcedores que não se importam com a sexualidade de Cris e os que não a aceitam. A repercussão mundo afora, a corrupção nos clubes, a reação de outros colegas secretamente gays...


O roteiro tem bom ritmo e, por mais que pareça panfletário, não alisa na hora de jogar em Cris a responsabilidade por suas próprias mancadas. Os dois autores são (entre outras coisas) roteiristas de cinema e não é difícil perceber uma ambição de levar a história para outras mídias. A arte realista de Jean Diaz pega "emprestados" alguns rostos conhecidos e transita fácil entre a ternura e a brutalidade.

Sem prever solução "mágica" para o problema que aborda, O Outro Lado da Bola contempla toda a resistência esperada a uma iniciativa inclusiva, mas não deixa de apostar em um futuro de mais tolerância, em que a qualidade do atleta será medida apenas por suas proezas esportivas, sem que pese tanto o que faz em sua intimidade. Uma leitura fundamental no tempo em que vivemos.


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O OUTRO LADO DA BOLA
Álvaro Campos, Alê Braga e Jean Diaz
Editora Record

Primeiro bocejo


- Por que outro blog?

O questionamento é procedente. Sob alegação de falta de tempo e/ou inspiração, eu já não atualizava o Catapop há tempos, nem escrevia decentemente para o Arte-Final.

O nome deste novo blog vem da minha disposição de aproveitar minhas horas livres com mais música, livros, quadrinhos, filmes e séries do que antes. Mais do que isso, desejo retomar a escrita frequente sobre as coisas que vejo/leio/escuto. Muitas vezes, a tal "falta de tempo" nada mais é do que falta de sentar a bunda na cadeira e escrever.

Sigo em meu trabalho de cooperação com os 7 Jagunços - e vem mais trabalho coletivo por aí! - e o Catapop seguirá aberto para consultas, mas sem receber atualizações.

A Era do Ócio acaba de nascer. Seja bem-vindo(a) e não repare na bagunça.