3.8.20

The Umbrella Academy, Temporada 2



Mesmo portando defeitos, a primeira temporada de The Umbrella Academy foi um sucesso da Netflix em 2019. Uma série de super-heróis sem uniformes e mais focada nos suas interações pessoais do que em superaventuras parece um tiro no pé, mas UA tinha um bom equilíbrio entre drama e ação (sem falar do bom elenco e dos personagens interessantes). A primeira temporada foi encerrada com um gancho grandioso e expectativa para a nova temporada foi grande.

Antes de começar a ver a segunda temporada, eu já tinha visto memes ironizando a falta de novidades deste ano 2, mas tudo começa meio que contrariando essa escrita. Tudo bem, logo a gente descobre que os irmãos Hargreeves precisam impedir mais um apocalipse - desta vez, causado por sua presença na década de 60, mas isso passa como um detalhe desimportante, diante da construção de um cenário em que os irmãos foram separados ao chegar no passado e tiveram que começar nova vida.

Assim, temos Allison casada e participando dos protestos pelos direitos civis dos negros; Luther vivendo de luta livre e bicos como segurança; Klaus (com o fantasma de Ben a tira-colo) comandando um culto new age; Diego internado num hospício; e Vanya vivendo de favor com um casal numa fazenda, desmemoriada. Cabe a Cinco procurá-los e reuni-los em dez dias, para evitar o fim do mundo - o que talvez inclua interferir no assassinato de John Kennedy

Destas, a única subtrama realmente interessante é a de Allison. Com receio de usar seu poder após quase ter morrido, ela lidera um grupo de negros cansados da segregação, que deseja chamar a atenção do presidente para o problema, na ocasião de sua passagem por Dallas. Passando por situações revoltantes, Allison exibe um misto de resiliência e masoquismo (afinal, seria fácil mandar todo mundo fazer o que ela bem quisesse).

Os demais conflitos vão do tolo (Klaus) ao nulo (Diego, Luther), resvalando no farsesco em diversas ocasiões. Tudo bem, a série precisa ter bom humor, mas parece que já vimos tudo isso antes - e, sim, já vimos, e foi melhor. O problema da identidade de Vanya volta a ser uma das tramas centrais (aliado a uma subtrama LGBT que merecia um desenrolar mais caprichado), bem como o excesso de responsabilidade sobre Cinco, que parece ser a solução mais usada para qualquer crise.

A certa altura, caiu a ficha pra mim: novidade não é mesmo o forte desta temporada. Honestamente, mesmo isso não chegaria a ser um problema tão sério, se o texto não fosse ruim. Principalmente na reta final, existem momentos com soluções e diálogos constrangedores, quase no nível daquele final patético da segunda temporada de Titãs.

O gancho pra terceira temporada é interessante, mas, sinceramente, não estou seguro se me animo a voltar, não. A vida é muito curta e os catálogos de streaming, muito longos, pra gente se dar ao luxo de ficar vendo uma série correndo atrás do próprio rabo assim. Certeza que tem coisa melhor pra ver na própria Netflix, inclusive.

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THE UMBRELLA ACADEMY (Temporada 2)
Netflix, 2020

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