11.5.20

Miles Morales: Homem Aranha 1 - Direto do Brooklyn

ATENÇÃO: Inaugura-se uma nova nova (sic) fase neste blog: desde janeiro, A Era do Ócio tem estado limitado ao Instagram (@aeradoocio), plataforma que permite (até exige) um dinamismo maior nas postagens. Apesar do sucesso da iniciativa (no sentido de que, sim, eu tenho postado bem mais), o limite de caracteres, às vezes, é um problema, e fico com a sensação de que podia ter sido mais profundo em minhas análises. A saída que encontrei foi fazer dos reviews no Instagram um "aperitivo" para quem quiser ler um pouco mais aqui, no blog tradicional, onde tenho liberdade para escrever mais. Então, bem-vindos de novo, outra vez, à Era do Ócio!


Apesar dos bons filmes e de algumas boas histórias lidas ao longo dos anos, o Homem-Aranha nunca esteve entre meus personagens favoritos. Não sei explicar bem por quê. Talvez me incomode o fato de Peter Parker ser um autossabotador, um personagem em constante involução, sempre voltando a ser o coitado do Queens que conta centavos no fim do mês, embora seja um cientista beirando o genial.

Quando o Peter Parker do Universo Ultimate morreu e Miles Morales foi apresentado aos leitores, eu estava afastado dos quadrinhos. Acompanhei notas sobre sua então nascente carreira sem muito interesse, mas achei bacana a ideia de um Homem-Aranha negro e mais jovem. Achei mais bacana ainda quando, após o Ultimato e as Guerras Secretas que acabaram com o universo Ultimate, Miles Morales foi integrado ao universo Marvel tradicional - não para substituir Peter Parker, mas como um segundo Homem-Aranha, na mesma cidade e tudo mais.

O fato é que Miles caiu no gosto de boa parte dos leitores. Ainda que uma parcela purista e preconceituosa torça o nariz e atribua a visibilidade do personagem a mera correção política, a Marvel não se deixou abalar e manteve a fé na criação de Brian Michael Bendis, mesmo depois de o autor ter debandado para a DC Comics: Miles é o protagonista de Homem-Aranha: No Aranhaverso (2018), animação vencedora do Oscar e de bilheteria bilionária.

Como já é praxe na Marvel, as revistas acontecem em "temporadas" e são renumeradas com certa frequência (manobra esperta, que dá às fases de cada autor um sentido de completitude e facilita a vida de quem deseja começar a colecionar, sempre abrindo uma nova "porta de entrada"). Assim, este número 1 de Miles Morales: Homem-Aranha traz as edições originais 1 a 6 de 2019, mais um especial anual. 160 páginas em capa cartão por R$ 25,90 (quando uma mensal de apenas 48 páginas custa R$ 9,90) é o tipo de gibi que a gente quer, gosta e precisa.

Miles Morales é um personagem muito mais desencanado do que Peter Parker: pra começo de conversa, ele contou aos pais que é o Homem-Aranha. Não vive no Queens, mas no Brooklyn, um importante polo artístico de Nova York, onde faz faculdade de artes visuais. A primeira história de Direto do Brooklyn faz um resumão que facilita bastante a vida de quem, como eu, só agora decidiu ler suas aventuras. Perto do fim, ao tentar evitar um assalto tecnológico, Miles se depara com o Rino e, depois, com o Capitão América. Sua maior aventura, porém, pode acabar sendo matar aula e fugir do vice-diretor da faculdade.


Na segunda parte, Miles enfrenta uma nova e furiosa adversária, ligada a um antigo vilão de Peter Parker. No Annual que fecha a edição, ele enfrenta Morlun e, num flashback da Invasão Secreta dos Skrulls, aprende que a vitória em combate pode ter graves danos colaterais.

O roteiro de Saladin Ahmed (premiado autor de fantasia e sci-fi, tendo já escrito Exilados e Raio Negro para a Marvel) equilibra bem o humor, a ação e as questões sociais enfrentadas por Miles - não só a cor da pele, mas, também a desigualdade econômica (embora não seja exatamente pobre, Miles estuda numa escola de padrão acima do seu), com um tom que se alterna entre o sutil e o professoral. Os desenhos de Javier Garrón apenas garantem a diversão, sem qualquer brilhantismo.

Já tenho em mãos o segundo encadernado, Cai Dentro!, e espero que a diversão se prolongue por mais algumas edições. Em toda minhas vida como leitor de HQs, sempre estive mais interessado na DC Comics, mas, seja para apenas experimentar coisas novas e arejar as ideias, seja porque a DC tem estado bastante perdida de uns anos pra cá, tem sido muito interessante explorar a Marvel neste século e descobrir, por exemplo, que eu consigo gostar do Homem-Aranha. As voltas que este mundo dá, hein?

Nenhum comentário:

Postar um comentário