1.9.19

O Imortal Hulk 1


A vida de gibizeiro nível verme (termo que designa aquele leitor/colecionador que segue comprando títulos em fases ruins e resiste muito mal a uma edição com número 1 na capa) é complicada. Eu sou um verme, admito. Entre minhas qualificações para o posto, estão 1) a insistência em seguir comprando Mulher-Maravilha e Liga da Justiça, e 2) a imensa fatia que a Marvel - antes, quase totalmente ignorada - agora ocupa em minhas compras.

Eu sei (porque é minha carteira quem me diz isso, com muita veemência) que não posso comprar tudo que quero. Sei, também, que compro algumas coisas desnecessariamente, mas, olha, tem hora que a mão bate certa! Veja o caso deste gibizinho lindo, por exemplo: O Imortal Hulk.

Eu nunca fui grande fã do Hulk. Gostava da série de TV com o finado Bill Bixby, mas o achava um personagem bobo nos quadrinhos. Sou um cara das palavras, então, acho difícil criar identificação com um personagem que passa boa parte de seu tempo apenas grunhindo. É verdade, tem aquelas fases em que ele está minimamente articulado ou espantosamente inteligente, mas, quando é assim, eu não engulo um gênio com aquele corpo de besta-fera. A bem da verdade, sempre me pareceu personagem de uma nota só.

Muita coisa foi feita, ao longo de todos estes anos, para amaciar meu coração para com o Hulk. A mais bem-sucedida delas foi a versão cinzenta, irascível e tarada de Os Supremos, de Mark Millar. Houve, claro, os filmes do Ang Lee (2003) e do Louis Leterrier (2008), legais, mas esquecíveis. Por fim, houve o Mark Ruffalo - e é impossível não gostar do Ruffalo, portanto...

O que nos leva de volta a este número 1 de O Imortal Hulk. Não vai sair em mensalzinha com duas histórias a R$ 10, mas com cinco edições encadernadas a R$ 21,90. Parabéns, Panini! Já falei que gibi encadernado baratinho com capa cartão é o formato que Deus criou? Provavelmente, sim, mas vale o lembrete.

Tem um selo alardeando uma indicação ao Eisner de Melhor Série na capa. Bem merecida, diga-se, porque é um gibi que se lê de uma lapada com um sorriso no rosto. O britânico Al Ewing escreve e o brasileiro Joe Bennett desenha este primeiro arco. Ao presenciar um assalto em um posto de gasolina, Bruce Banner acaba vítima fatal do tiroteio, apenas para descobrir que, por alguma razão, não pode morrer: mesmo tendo morrido em sua forma "fracote", ao cair da noite, o Hulk surge e o traz de volta da morte.

O tom de terror, com o Hulk como um espreitador noturno, uma aparição da qual ninguém parece ter muita certeza (um bicho imenso e verde, mas as pessoas ainda não se convencem, sei...), é o atrativo principal, mas há outro: a ótima trama, em que, na pequena cidade do Arizona onde morreu e "desmorreu", Banner/Hulk ouve histórias sobre mortes misteriosas e indícios de uso de radiação gama. Sua presença na cidade atrai a jornalista Jackie McGee (na velha série de TV, era um Jack) e um outro gênio/monstro famoso: Walter Langkowski, o Sasquatch, da Tropa Alfa.

O componente sobrenatural fica ainda mais forte na última parte, com um tremendo gancho para a próxima edição - que eu vou comprar, né? A propósito, eu também recomendo que você compre, pois é ótimo. Agora, eu leio Hulk. Era só o que me faltava. Verme!


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O IMORTAL HULK 1
Al Ewing (roteiro), Joe Bennett (arte)
Marvel/Panini - 128 páginas - R$ 21,90

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